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Editorial – Banquete indigesto

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Picanha, filé mignon, camarão, bacalhau e salmão seriam alimentos aprovados pelos nutricionistas para fortalecer o organismo, bem como o preparo das receitas por bons chefs teria a missão de alegrar os homens das Forças para melhor servir à pátria, mas tão apetitoso cardápio deixou dúvidas aos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU).
O enredo aumenta o grau de inusitado, porque os recursos do banquete teriam sido aplicados em detrimento de ações de combate à Covid-19, necessárias para salvar a vida de cidadãos, os mesmos contribuintes de cuja extração da renda é paga a conta pelo apurado paladar.
À submissão da saúde do povo às delícias da culinária, acresce outro (mau) exemplo de gestão, com o indicativo de benefício de sete empresas cujos sócios teriam como “comandante” um ex-capitão (expulso) do Exército, Márcio Vancler Augusto Geraldo.
O bem-sucedido “controller” detém a Mave Comércio e Serviços em Geral, a Phenix Comércio e Serviços em Geral e a Visionária Comércio e Serviços em Geral, revelando na repetição dos nomes das firmas não só uma coincidência, mas um indício, acrescentando-se a incompatibilidade entre o porte das companhias e os valores das contratações.
Também foi rastreado o fornecimento do mesmo e-mail para todos os concorrentes, nos pregões suspeitos de combinação, resultando no gasto de R$ 87 milhões do erário para encher as panças, fortalecendo a hipótese de escolha de competentes coordenadores na suposta rapina.
Por estes e outros apetites incontidos, pode-se entender a dificuldade de harmonizar o papel daqueles pagos para defender as fronteiras com o cumprimento do dever para com a pátria e a bandeira, estabelecendo, pela via da desfaçatez, a exposição da farda a tamanho vexame.
Seria demasiado inoportuno descartar a chance de prestar toda atenção às prováveis justificativas, considerando evitar o erro lógico de julgar o todo pela parte, pois a expectativa é de honradez e dignidade de quem se propõe a gerir áreas estratégicas para o bem-estar dos brasileiros.