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Expectativa de volta à normalidade marca desejos para 2022

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Ressignificar e recomeçar são as palavras que resumem as expectativas da engenheira química Simone de Oliveira Santos, 46 anos, para 2022. Ainda se recuperando de sequelas da Covid-19, doença que teve em julho de 2020, ela planeja ter mais um filho e finalmente fazer o trabalho de conclusão do seu curso de designer de interiores. 
“Passei 2020 dentro de casa, um período para me conhecer, para ressignificar várias coisas. Então esse ano de 2022 vem em outra perspectiva, uma coisa mais leve, com uma certeza de que tenho de galgar outras coisas na minha vida. Depois que eu fui para a indústria, fui ficando naquela coisa de trabalhar, voltar para casa… e muitos dos meus sonhos ficaram hibernados”, revela Simone. 
A ideia de dar um irmão, ou irmã, a Francisco, 8 anos, surgiu antes da pandemia, mas foi adiada inicialmente por conta das incertezas político-sociais desenhadas com as eleições de 2018, conta a engenheira. Francisco é filho dela e de sua companheira,  um modelo familiar ainda questionado por parte da sociedade. 
Já a conclusão definitiva do curso de design de interiores alia a realização pessoal, pois é uma área da qual gosta muito, com a possibilidade de investir em outra carreira. A empresa onde Simone trabalha deve suspender as operações na Bahia nos próximos anos, condicionando a manutenção do seu emprego à mudança para outro estado, o que ela ainda não sabe se deseja fazer. 
O processo de recuperação das sequelas respiratórias deixadas pelo Sars-CoV-2, cujo quadro agudo se prolongou por quase 30 dias, mas sem necessidade de internação, ainda adentrará 2022. No entanto, os impactos pós-Covid não atrapalham mais o cotidiano de Simone. Seja no trabalho ou nas corridas curtas que pratica, ela só precisa maneirar no ritmo.
Proteção
A vacinação dos seus filhos contra a Covid-19 é o desejo mais imediato da médica Clarice Tardio, 41, para o ano que se aproxima. Mãe de um menino de cinco anos e de uma menina de nove, ela chegou ao final deste 2021 sem nenhum caso da doença na família. “A gente segue todos os protocolos até hoje. Após os adultos se vacinarem, iniciamos pequenos encontros, mas com distanciamento e uso de máscaras”, reforça. 
“As crianças, por mais que sejam minoria, também podem evoluir com óbito, com doença grave, com sequelas graves, e tem várias crianças com fatores de risco, que são obesas, as que têm autismo e não se adequam ao uso das máscaras…”, analisa Clarice. Ela comenta só ter permitido a volta dos filhos às aulas presenciais após a vacinação dos professores e defende uma resposta mais ágil do Ministério da Saúde quanto à vacinação entre 5 e 11 anos. 
Em nome da preservação da saúde mental dos filhos, ela tem liberado a participação em festas de aniversário ao ar livre, por exemplo, mas se preocupa com o fato de nem todos os presentes usarem máscaras e adotarem as medidas de prevenção à Covid. A médica ressalta que a vacina para crianças passou por todas as fases de pesquisa e já está sendo usada em alguns países, o que comprova sua segurança. “Tem muita fake news, muita gente mal informada”, lamenta. 
Embora torça por uma redução contínua dos casos de Covid em Salvador, Clarice acha provável que enfrentemos um recrudescimento, como tem sido visto em alguns países europeus, então concentra seus pedidos de Ano Novo na capacidade de resistência. “Que a gente tenha saúde mental para enfrentar o que vier pela frente”, deseja.
A possibilidade de piora no cenário pandêmico no início de 2022 também é vislumbrada pelo designer Camilo Fróes, 38, que segue adotando várias restrições para evitar o contágio com o Sars-CoV-2. Na sua opinião, os impactos dos festejos de Natal e réveillon provocarão um retrocesso na retomada das atividades econômicas e do trabalho presencial, com nova sobrecarga dos sistemas de saúde.
“Eu aposto numa normalização perto das eleições do ano que vem, acho que vai ser bem difícil por bastante tempo ainda, porque as pessoas cansaram”, avalia Camilo. Ele ressalta que já “demonizou” o comportamento mais descuidado, mas passou a compreender o cansaço, pois percebe quanto tempo, energia e dinheiro ele gastou para se estabilizar nesse contexto e sabe que muita gente não tem condições de fazer o mesmo. 
Sem abraçar os pais desde o início da pandemia, o designer tem se permitido fazer pequenos encontros com amigos, nos quais a máscara é mantida, mas os abraços são possíveis. Porém, esses momentos ainda geram algum incômodo com o risco de se prejudicar ou prejudicar a outra pessoa, então o que mais quer no próximo ano é se livrar dessa sensação e sociabilizar sem preocupações.