Pense na imagem de uma jovem mulher
negra chegando a uma cidade do sertão baiano, no chamado Polígono da Maconha,
durante a década de 1990, para assumir o posto de delegada de polícia, num
tempo em que em todo o país o cargo era ocupado basicamente por homens, quase
sempre brancos. A feirense Patrícia Pinheiro era aquela mulher, que integrou a
primeira geração de delegados de polícia totalmente concursada da Bahia, com
exigência de bacharelado em direito, e ajudou a mudar o perfil da categoria
profissional. Titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos,
Patrícia professa o Candomblé e, durante as batidas policiais, exibe
orgulhosamente seu torço e as contas de santo. No próximo dia 29, ela assume,
em cerimônia fechada na Casa de Angola, Baixa dos Sapateiros, a coordenação
estadual da União Nacional das Ekedes, Yarobás, Ajoiés, Cambonas e Makotas [designações do cargo em várias nações], a
Undeke . Uma entidade criada há quatro anos no Rio de Janeiro, após ataques a
líderes religiosos de matriz africana por, assim chamados, traficantes evangélicos,
na Baixada Fluminense. A cerimônia acontece uma semana depois do Dia Nacional
de Combate à Intolerância Religiosa, dia 21 de janeiro, data da morte, em 2000,
da ialorixá Mãe Gilda, em consequência do agravamento de seu estado de saúde,
após ser vítima de ataques de ódio em seu terreiro. Com uma equipe de
voluntárias que inclui mulheres do direito, da comunicação e de outros
segmentos, todas integrantes do Candomblé, o grupo tem metas ambiciosas.
Há quanto tempo existe a Undeke e
quais são os seus objetivos?
A Undeke foi fundada em 2017, no Rio
de Janeiro, pela ekede Debora d’Ayra e um colegiado de ekedes. Surgiu com esse
compromisso de valorizar o papel da mulher dentro do Candomblé, principalmente
da ekede, que tem um papel além da função religiosa. Muitas também têm a função
civil dentro da casa, de assessorar seus babalorixás e ialorixás em questões
até jurídicas, sociais, econômicas e políticas. Em questões que envolvem outros
aspectos de uma casa religiosa.
É tipo uma gestora…
Isso. E muitas vezes a figura da
ekede não é valorizada. Muitas vezes ela toma conta não só do orixá, mas da
roupa da mãe de santo, da cozinha, de várias funções. E no que ela está desempenhando durante a
função religiosa ela nem aparece. São funções extremamente importantes dentro
da hierarquia do Candomblé, o ogã (gestor masculino) e a ekede, mas a mulher,
até dentro dessa estrutura fica uma pouco mais tímida. Então, as ekedes tomando
consciência da importância de uma organização e também a partir de um evento de
um enfrentamento ao racismo religioso, resolveram se organizar numa instituição
que as representasse nacionalmente.
O evento que provocou a organização
foi…
No Rio de Janeiro, nós temos casos
emblemáticos de racismo: invasão de terreiros, ameaças e homicídios de pais e
mães de santo, o enfrentamento lá se dá em um nível muito grande. A organização
da Undeke, da rede de mulheres de terreiros, se deu também nesse diapasão,
nessa questão de se organizar para enfrentar o racismo religioso,
principalmente no Rio, de dez anos para cá, com os traficantes de Jesus, o
aumento das incidências de ódio religioso contra os adeptos das religiões de
matriz africana. E você veja que a maioria dos barracões no Rio de Janeiro
ficou na região da Baixada Fluminense. É um enfrentamento muito bonito que a
Undeke faz no Rio, porque ela visa isso, nasceu do
enfrentamento, da necessidade de mobilização de uma rede de mulheres. Hoje, se
tem essa consciência e a Undeke tem essa mobilização não só lá, como agora na
Bahia. E vai ter em outros estados. Era da agenda da Undeke chamar esse ano o
primeiro encontro nacional de ekedes, no Rio. Estava previsto para maio, mas a
gente ainda está aguardando o agendamento porque com a pandemia não sabemos como vai ficar.
E a senhora está sendo empossada na
regional da Bahia.
Eu tomei posse no dia 6 de dezembro,
no Rio, já com a missão de organizar a Undeke na Bahia. Segundo a nossa
presidente, Debora dÁyra, que é jornalista e publicitária, a Bahia é um ícone.
Ela tem a Bahia como um pilar. A gente, então, tem a responsabilidade de criar
a Undeke aqui. Tanto que ela se estabelece aqui com dez sub coordenações, só na
capital, e cinco no interior. Nós temos Recôncavo Baiano, com sede em Santo
Amaro, Região Metropolitana, Portal do Sertão, Costa do Dendê e a região de
Santo Antonio de Jesus e Nazaré das Farinhas. A gente tem bacias com candomblés em várias regiões. O
sul da Bahia (Costa do Dendê) é a bacia do Candomblé Angola, também. No
Recôncavo, temos o jeje muito presente. A gente tem que dialogar com o interior
porque a Bahia tem 417 municípios e cada região tem uma peculiaridade. Estamos
escolhendo por região as ekedes que têm representatividade, que têm já uma
articulação com os terreiros, que já têm projetos, trabalho para agregar,
porque no segundo semestre de 2022 vamos chamar o primeiro encontro estadual de
ekedes da Bahia.
Aqui na Bahia também tivemos
episódios de intolerância religiosa, ataques a terreiros, vandalismo. A senhora
também é delegada. Como a polícia tem se empenhado nesses casos? Há uma
preocupação por parte da corporação de se buscar culpados ou ainda há um
preconceito na instituição, considerando isso um crime menor?
Temos o Estatuto da Igualdade Racial
e o de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, de 2014. Esse
estatuto era único no Brasil. Temos o Estatuto da Igualdade, que é de 2010, mas
no combate à intolerância também a Bahia é pioneira. Nisso, a gente tem que
tirar o chapéu. Isso foi fruto da luta do movimento negro, dos movimentos
sociais, do povo de santo. E num contexto muito bonito, politicamente falando.
Porém, a gente sabe que ainda que ele preveja ações afirmativas nesse campo de
enfrentamento para poder promover a inclusão, a gente tem no artigo 79 desse
estatuto a previsão da criação da Decrate, a Delegacia de Combate aos Crimes
Raciais e de Intolerância. A gente espera. Eu falo isso como povo de santo, não
só como autoridade policial. Mas esperamos até hoje que esse artigo saia do
papel e venha para a prática. Nós temos na Bahia o relatório dos primeiros
casos de morte por intolerância, que é o caso da Mãe Gilda, mãe da nossa
querida ialorixá Mãe Jaciara, que foi morta por uma ação de evangélicos neopentecostais.
Nós temos Mãe Dedé, também em Areais, Camaçari, uma pessoa que também sofreu
ataque. Temos casos de intolerância seguida de morte. Nós temos uma legislação
extremamente flexível, que não pune com rigor esse tipo de crime. Não temos
ainda uma sanção plena e infelizmente mecanismos legais que não são tirados do
papel. Há uma expectativa muito grande do povo de santo em ver na estrutura do
estado um núcleo que atenda esses casos. Porque
não vamos pensar só em Salvador. A gente tem tantos casos que talvez uma
unidade seja insuficiente para absorver tudo isso. Se acontecer um caso de
intolerância religiosa você vai à delegacia de sua cidade ou do seu bairro, tem
lá a tipificação já. Mas muitas vezes as pessoas adeptas de Candomblé chegam na
unidade (delegacia) e têm medo de serem maltratados ou vistos de uma forma
discriminatória.
Como coordenadora, o que a senhora
pretende fazer tanto do ponto de vista do trabalho das ekedes como no combate à
intolerância religiosa?
A estrutura que está sendo montada na
Bahia é um recado muito direto. É uma rede de mulheres que têm consciência de
sua função religiosa e de sua função civil, fora dos barracões. A Undeke tem um
núcleo jurídico, temos uma makota com 14 anos de confirmada, advogada
militante, que veio de São Paulo, mas é feita aqui, e está coordenando o núcleo
jurídico da Undeke, Marilac Santos. Nós temos o núcleo de assistência social, a
ekede Lays Omilaiyó, uma ekede filha de Pai Wellington, ligada ao Afonjá. É uma
pessoa que trabalha dentro desse sistema no estado e vem coordenar o núcleo de
assistência social; temos uma ekede na área de educação, uma psicopedagoga,
Leneci, a Tenderamunã também, uma pessoa que tem uma instituição de ensino e um
projeto belíssimo para educação de jovens e adultos dentro do terreiro; temos
uma ekede maravilhosa também que é a doutora Ana Santo Amaro, a pessoa
responsável pelo reconhecimento de Bembé do Mercado como patrimônio municipal
e, depois estadual e nacional, e que foi à Unesco protocolar o pedido de
reconhecimento de Bembé como patrimônio da humanidade. Nós temos também ekedes
na área de turismo e cultura, uma de eventos, temos a jornalista Cristielle
França, queridíssima, que vai ser nossa coordenadora de comunicação e imprensa.
E temos afro-culinária. A gente está ousando além dos limites. O povo negro
baiano dialoga muito com a questão da comida. A tradição alimentar da Bahia é
sagrada para a gente. Para isso, temos uma ekede maravilhosa, Angelica Moreira,
que é a dona do restaurante Ajeum da Diáspora. É uma proposta que, tenho
certeza, dentro de um ano ou dois vai se consolidar e expandir. E temos a
perspectiva de em 2023 trazer para a Bahia o segundo encontro nacional de
ekedes.
Como vai ser o financiamento da
Undeke?
Não é uma entidade com fins
lucrativos. É uma associação beneficente, com trabalho voluntário. Lógico que
há uma despesa, mas até nisso como voluntariado estamos assumindo, minimamente.
Não temos a sede ainda, estamos aguardando para poder estruturar a diretoria.
Vamos criar uma carteira de adesão e, futuramente, uma taxa mínima.
negra chegando a uma cidade do sertão baiano, no chamado Polígono da Maconha,
durante a década de 1990, para assumir o posto de delegada de polícia, num
tempo em que em todo o país o cargo era ocupado basicamente por homens, quase
sempre brancos. A feirense Patrícia Pinheiro era aquela mulher, que integrou a
primeira geração de delegados de polícia totalmente concursada da Bahia, com
exigência de bacharelado em direito, e ajudou a mudar o perfil da categoria
profissional. Titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos,
Patrícia professa o Candomblé e, durante as batidas policiais, exibe
orgulhosamente seu torço e as contas de santo. No próximo dia 29, ela assume,
em cerimônia fechada na Casa de Angola, Baixa dos Sapateiros, a coordenação
estadual da União Nacional das Ekedes, Yarobás, Ajoiés, Cambonas e Makotas [designações do cargo em várias nações], a
Undeke . Uma entidade criada há quatro anos no Rio de Janeiro, após ataques a
líderes religiosos de matriz africana por, assim chamados, traficantes evangélicos,
na Baixada Fluminense. A cerimônia acontece uma semana depois do Dia Nacional
de Combate à Intolerância Religiosa, dia 21 de janeiro, data da morte, em 2000,
da ialorixá Mãe Gilda, em consequência do agravamento de seu estado de saúde,
após ser vítima de ataques de ódio em seu terreiro. Com uma equipe de
voluntárias que inclui mulheres do direito, da comunicação e de outros
segmentos, todas integrantes do Candomblé, o grupo tem metas ambiciosas.
Há quanto tempo existe a Undeke e
quais são os seus objetivos?
A Undeke foi fundada em 2017, no Rio
de Janeiro, pela ekede Debora d’Ayra e um colegiado de ekedes. Surgiu com esse
compromisso de valorizar o papel da mulher dentro do Candomblé, principalmente
da ekede, que tem um papel além da função religiosa. Muitas também têm a função
civil dentro da casa, de assessorar seus babalorixás e ialorixás em questões
até jurídicas, sociais, econômicas e políticas. Em questões que envolvem outros
aspectos de uma casa religiosa.
É tipo uma gestora…
Isso. E muitas vezes a figura da
ekede não é valorizada. Muitas vezes ela toma conta não só do orixá, mas da
roupa da mãe de santo, da cozinha, de várias funções. E no que ela está desempenhando durante a
função religiosa ela nem aparece. São funções extremamente importantes dentro
da hierarquia do Candomblé, o ogã (gestor masculino) e a ekede, mas a mulher,
até dentro dessa estrutura fica uma pouco mais tímida. Então, as ekedes tomando
consciência da importância de uma organização e também a partir de um evento de
um enfrentamento ao racismo religioso, resolveram se organizar numa instituição
que as representasse nacionalmente.
O evento que provocou a organização
foi…
No Rio de Janeiro, nós temos casos
emblemáticos de racismo: invasão de terreiros, ameaças e homicídios de pais e
mães de santo, o enfrentamento lá se dá em um nível muito grande. A organização
da Undeke, da rede de mulheres de terreiros, se deu também nesse diapasão,
nessa questão de se organizar para enfrentar o racismo religioso,
principalmente no Rio, de dez anos para cá, com os traficantes de Jesus, o
aumento das incidências de ódio religioso contra os adeptos das religiões de
matriz africana. E você veja que a maioria dos barracões no Rio de Janeiro
ficou na região da Baixada Fluminense. É um enfrentamento muito bonito que a
Undeke faz no Rio, porque ela visa isso, nasceu do
enfrentamento, da necessidade de mobilização de uma rede de mulheres. Hoje, se
tem essa consciência e a Undeke tem essa mobilização não só lá, como agora na
Bahia. E vai ter em outros estados. Era da agenda da Undeke chamar esse ano o
primeiro encontro nacional de ekedes, no Rio. Estava previsto para maio, mas a
gente ainda está aguardando o agendamento porque com a pandemia não sabemos como vai ficar.
E a senhora está sendo empossada na
regional da Bahia.
Eu tomei posse no dia 6 de dezembro,
no Rio, já com a missão de organizar a Undeke na Bahia. Segundo a nossa
presidente, Debora dÁyra, que é jornalista e publicitária, a Bahia é um ícone.
Ela tem a Bahia como um pilar. A gente, então, tem a responsabilidade de criar
a Undeke aqui. Tanto que ela se estabelece aqui com dez sub coordenações, só na
capital, e cinco no interior. Nós temos Recôncavo Baiano, com sede em Santo
Amaro, Região Metropolitana, Portal do Sertão, Costa do Dendê e a região de
Santo Antonio de Jesus e Nazaré das Farinhas. A gente tem bacias com candomblés em várias regiões. O
sul da Bahia (Costa do Dendê) é a bacia do Candomblé Angola, também. No
Recôncavo, temos o jeje muito presente. A gente tem que dialogar com o interior
porque a Bahia tem 417 municípios e cada região tem uma peculiaridade. Estamos
escolhendo por região as ekedes que têm representatividade, que têm já uma
articulação com os terreiros, que já têm projetos, trabalho para agregar,
porque no segundo semestre de 2022 vamos chamar o primeiro encontro estadual de
ekedes da Bahia.
Aqui na Bahia também tivemos
episódios de intolerância religiosa, ataques a terreiros, vandalismo. A senhora
também é delegada. Como a polícia tem se empenhado nesses casos? Há uma
preocupação por parte da corporação de se buscar culpados ou ainda há um
preconceito na instituição, considerando isso um crime menor?
Temos o Estatuto da Igualdade Racial
e o de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, de 2014. Esse
estatuto era único no Brasil. Temos o Estatuto da Igualdade, que é de 2010, mas
no combate à intolerância também a Bahia é pioneira. Nisso, a gente tem que
tirar o chapéu. Isso foi fruto da luta do movimento negro, dos movimentos
sociais, do povo de santo. E num contexto muito bonito, politicamente falando.
Porém, a gente sabe que ainda que ele preveja ações afirmativas nesse campo de
enfrentamento para poder promover a inclusão, a gente tem no artigo 79 desse
estatuto a previsão da criação da Decrate, a Delegacia de Combate aos Crimes
Raciais e de Intolerância. A gente espera. Eu falo isso como povo de santo, não
só como autoridade policial. Mas esperamos até hoje que esse artigo saia do
papel e venha para a prática. Nós temos na Bahia o relatório dos primeiros
casos de morte por intolerância, que é o caso da Mãe Gilda, mãe da nossa
querida ialorixá Mãe Jaciara, que foi morta por uma ação de evangélicos neopentecostais.
Nós temos Mãe Dedé, também em Areais, Camaçari, uma pessoa que também sofreu
ataque. Temos casos de intolerância seguida de morte. Nós temos uma legislação
extremamente flexível, que não pune com rigor esse tipo de crime. Não temos
ainda uma sanção plena e infelizmente mecanismos legais que não são tirados do
papel. Há uma expectativa muito grande do povo de santo em ver na estrutura do
estado um núcleo que atenda esses casos. Porque
não vamos pensar só em Salvador. A gente tem tantos casos que talvez uma
unidade seja insuficiente para absorver tudo isso. Se acontecer um caso de
intolerância religiosa você vai à delegacia de sua cidade ou do seu bairro, tem
lá a tipificação já. Mas muitas vezes as pessoas adeptas de Candomblé chegam na
unidade (delegacia) e têm medo de serem maltratados ou vistos de uma forma
discriminatória.
Como coordenadora, o que a senhora
pretende fazer tanto do ponto de vista do trabalho das ekedes como no combate à
intolerância religiosa?
A estrutura que está sendo montada na
Bahia é um recado muito direto. É uma rede de mulheres que têm consciência de
sua função religiosa e de sua função civil, fora dos barracões. A Undeke tem um
núcleo jurídico, temos uma makota com 14 anos de confirmada, advogada
militante, que veio de São Paulo, mas é feita aqui, e está coordenando o núcleo
jurídico da Undeke, Marilac Santos. Nós temos o núcleo de assistência social, a
ekede Lays Omilaiyó, uma ekede filha de Pai Wellington, ligada ao Afonjá. É uma
pessoa que trabalha dentro desse sistema no estado e vem coordenar o núcleo de
assistência social; temos uma ekede na área de educação, uma psicopedagoga,
Leneci, a Tenderamunã também, uma pessoa que tem uma instituição de ensino e um
projeto belíssimo para educação de jovens e adultos dentro do terreiro; temos
uma ekede maravilhosa também que é a doutora Ana Santo Amaro, a pessoa
responsável pelo reconhecimento de Bembé do Mercado como patrimônio municipal
e, depois estadual e nacional, e que foi à Unesco protocolar o pedido de
reconhecimento de Bembé como patrimônio da humanidade. Nós temos também ekedes
na área de turismo e cultura, uma de eventos, temos a jornalista Cristielle
França, queridíssima, que vai ser nossa coordenadora de comunicação e imprensa.
E temos afro-culinária. A gente está ousando além dos limites. O povo negro
baiano dialoga muito com a questão da comida. A tradição alimentar da Bahia é
sagrada para a gente. Para isso, temos uma ekede maravilhosa, Angelica Moreira,
que é a dona do restaurante Ajeum da Diáspora. É uma proposta que, tenho
certeza, dentro de um ano ou dois vai se consolidar e expandir. E temos a
perspectiva de em 2023 trazer para a Bahia o segundo encontro nacional de
ekedes.
Como vai ser o financiamento da
Undeke?
Não é uma entidade com fins
lucrativos. É uma associação beneficente, com trabalho voluntário. Lógico que
há uma despesa, mas até nisso como voluntariado estamos assumindo, minimamente.
Não temos a sede ainda, estamos aguardando para poder estruturar a diretoria.
Vamos criar uma carteira de adesão e, futuramente, uma taxa mínima.