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Editorial – Os direitos da pessoa trans

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A incompreensão de grande parte dos brasileiros acerca da liberdade de escolha de gênero  das pessoas, independentemente da anatomia, tem sido um obstáculo difícil de ser enfrentado pela população trans, como se convencionou chamar quem escolhe ser mulher em corpo de homem ou o inverso, entre outras variações possíveis.
Hoje, dia nacional dedicado a este segmento da cidadania, com direitos iguais a todos os demais, é uma oportunidade de lembrar ser dever do Estado garantir políticas públicas visando o acesso a ações com o objetivo de oferecer serviços de qualidade para proteção destas brasileiras e brasileiros privados de sua dignidade de relacionar-se socialmente como bem queiram, conforme previsto na Constituição Federal.
Ainda há muito a avançar, pois falta atendimento em ginecologia para quem tem genitália feminina e os indivíduos naturalmente masculinos não conseguem tratar-se em urologia, gerando doenças e até óbitos por esta impossibilidade gerada dos ultrapassados conceitos associados aos aparelhos biológicos como determinantes da sexualidade, resultando em inaceitáveis dificuldades de perfil identitário. 
As adversidades aumentaram nos últimos anos, em razão do crescimento da irracionalidade de gestores federais, ocasionando limitações no acolhimento pelo Sistema Único de Saúde.
Não tem sido fácil o enfrentamento dos obstáculos, devido aos relatos de discriminação, despreparo dos profissionais e acolhimento impróprio, todos estes aspectos originários da resistência de aceitação da transexualidade.
A recusa do nome social está entre as formas de manifestação do preconceito, como se o paciente fosse portador de anomalia, tornando-se banalizado o estigma por parte dos atendentes.
O desafio de libertar o Brasil desta abordagem sem cabimento para os padrões da contemporaneidade se impõe como necessário e urgente, para reconduzir o país ao caminho do processo civilizatório, do qual parece ter se perdido por conta de crenças ultrapassadas em pleno século XXI.