O cabelo no estilo “nevou”, shorts
curtos e a combinação de looks de prata são só alguns exemplos que demonstram o
quanto a moda que a periferia exibe está presente mundo afora. O reconhecimento
– e os créditos – da potencialidade presente nesses territórios estão cada vez
mais ganhando espaço e algumas iniciativas, como o Editorial Nordeste, estão aí
para levar tais referenciais cada vez mais longe.
O projeto social idealizado por
Sthephanie Silva, 18, e coordenado por Ednei William, 18, é voltado para dança,
moda, aulas de fotografia e agora possui o ensino dos idiomas inglês e espanhol.
O Editorial Nordeste surgiu em
setembro de 2020 após Sthephanie ajudar duas meninas com um ensaio fotográfico
e algumas aulas de passarela, sem pretensão alguma. O gosto em ensinar foi
tamanho que o simples compartilhamento de experiências por parte dela, que já
tinha participado de concursos, transformou o público de dois para mais de 100
alunos atendidos pela iniciativa no Nordeste de Amaralina.
Ela pensa que por se tratar de um
projeto social ainda muito novo, o pouco apoio que recebem ainda não é o
necessário para suprir as demandas de todos os alunos, a exemplo de um espaço
físico para as aulas de idioma – que são realizadas de forma remota. Mas também
um serviço de atendimento psicológico para os jovens que participam do
Editorial Nordeste, em sua maioria de 14 a 18 anos, para elaborarem os cenários
de violência presenciados em casa ou questões relacionadas à ansiedade.
“O projeto vem para dar oportunidade
e visibilidade para os jovens das comunidades, não só do Nordeste de Amaralina,
mas de outras também. A gente tem como foco maior tirar esses jovens da
criminalidade. Muitos alunos antes de entrarem no projeto não gostavam de ir
para o colégio, não realizavam atividades, ficavam soltos na rua, e no projeto
cobramos muito o estudo, e com o decorrer da participação eles melhoram o modo
de pensar e de ver a importância da educação”, diz ela.
Oportunidades
Ednei William foi convidado a participar do
Editorial assim que se desligou de outro projeto social. Por lá, ele dá aulas
de passarela aos sábados. O coordenador conta como a iniciativa entregou
oportunidades para os jovens com parcerias que viabilizaram o acesso a locais
como o teatro, ao circo, concursos de beleza e viagens.
“Quando a gente pensa em moda, a
visão das pessoas é bem elitista e burguesa, acham que a moda é só aquela lá
que tem nos desfiles internacionais; mas não, muita coisa vem da periferia,
muita cultura vem da periferia, inclusive não é à toa que hoje em dia na São
Paulo Fashion Week, na casa dos criadores, há
muitas marcas pretas, baianas, de pessoas que vêm d periferia, porque a
periferia é que inventa a moda”, defende.
Sthephanie comenta que, para muitas
pessoas, a moda pode ser só uma brincadeira de tirar fotos e participar de
desfiles, mas vai muito além disso. Ela acredita que para os jovens a moda funciona como uma porta de acesso para
os sonhos.
A “brincadeira” do Editorial Nordeste
foi longe: levou Julia Beatriz ao título de Miss Bahia Teen em 2021,
modelos ficaram no pódio em concursos de
agências baianas como a One Models; a aluna Biju estampou um card em frente ao
Salvador Shopping, e Letícia Cerqueira, outra aluna, participou do comercial de
uma marca de refrigerantes.
Ednei conta que antes do projeto via
muitos jovens sem perspectivas e desacreditados, mas que graças ao Editorial
Nordeste puderam compreender a sua beleza e ver em si mesmos diferentes
potencialidades, inclusive para os estudos.
“Acredito
que a importância desse projeto é fazer a transformação, eu sou fruto de
projetos sociais, inclusive essa semana estava como monitor de um projeto que
comecei como aluno e acho importante devolver esse trabalho, porque sei que os
projetos sociais podem mudar a vida deles como mudou a minha, então por que não
fazer isso também?”
curtos e a combinação de looks de prata são só alguns exemplos que demonstram o
quanto a moda que a periferia exibe está presente mundo afora. O reconhecimento
– e os créditos – da potencialidade presente nesses territórios estão cada vez
mais ganhando espaço e algumas iniciativas, como o Editorial Nordeste, estão aí
para levar tais referenciais cada vez mais longe.
O projeto social idealizado por
Sthephanie Silva, 18, e coordenado por Ednei William, 18, é voltado para dança,
moda, aulas de fotografia e agora possui o ensino dos idiomas inglês e espanhol.
O Editorial Nordeste surgiu em
setembro de 2020 após Sthephanie ajudar duas meninas com um ensaio fotográfico
e algumas aulas de passarela, sem pretensão alguma. O gosto em ensinar foi
tamanho que o simples compartilhamento de experiências por parte dela, que já
tinha participado de concursos, transformou o público de dois para mais de 100
alunos atendidos pela iniciativa no Nordeste de Amaralina.
Ela pensa que por se tratar de um
projeto social ainda muito novo, o pouco apoio que recebem ainda não é o
necessário para suprir as demandas de todos os alunos, a exemplo de um espaço
físico para as aulas de idioma – que são realizadas de forma remota. Mas também
um serviço de atendimento psicológico para os jovens que participam do
Editorial Nordeste, em sua maioria de 14 a 18 anos, para elaborarem os cenários
de violência presenciados em casa ou questões relacionadas à ansiedade.
“O projeto vem para dar oportunidade
e visibilidade para os jovens das comunidades, não só do Nordeste de Amaralina,
mas de outras também. A gente tem como foco maior tirar esses jovens da
criminalidade. Muitos alunos antes de entrarem no projeto não gostavam de ir
para o colégio, não realizavam atividades, ficavam soltos na rua, e no projeto
cobramos muito o estudo, e com o decorrer da participação eles melhoram o modo
de pensar e de ver a importância da educação”, diz ela.
Oportunidades
Ednei William foi convidado a participar do
Editorial assim que se desligou de outro projeto social. Por lá, ele dá aulas
de passarela aos sábados. O coordenador conta como a iniciativa entregou
oportunidades para os jovens com parcerias que viabilizaram o acesso a locais
como o teatro, ao circo, concursos de beleza e viagens.
“Quando a gente pensa em moda, a
visão das pessoas é bem elitista e burguesa, acham que a moda é só aquela lá
que tem nos desfiles internacionais; mas não, muita coisa vem da periferia,
muita cultura vem da periferia, inclusive não é à toa que hoje em dia na São
Paulo Fashion Week, na casa dos criadores, há
muitas marcas pretas, baianas, de pessoas que vêm d periferia, porque a
periferia é que inventa a moda”, defende.
Sthephanie comenta que, para muitas
pessoas, a moda pode ser só uma brincadeira de tirar fotos e participar de
desfiles, mas vai muito além disso. Ela acredita que para os jovens a moda funciona como uma porta de acesso para
os sonhos.
A “brincadeira” do Editorial Nordeste
foi longe: levou Julia Beatriz ao título de Miss Bahia Teen em 2021,
modelos ficaram no pódio em concursos de
agências baianas como a One Models; a aluna Biju estampou um card em frente ao
Salvador Shopping, e Letícia Cerqueira, outra aluna, participou do comercial de
uma marca de refrigerantes.
Ednei conta que antes do projeto via
muitos jovens sem perspectivas e desacreditados, mas que graças ao Editorial
Nordeste puderam compreender a sua beleza e ver em si mesmos diferentes
potencialidades, inclusive para os estudos.
“Acredito
que a importância desse projeto é fazer a transformação, eu sou fruto de
projetos sociais, inclusive essa semana estava como monitor de um projeto que
comecei como aluno e acho importante devolver esse trabalho, porque sei que os
projetos sociais podem mudar a vida deles como mudou a minha, então por que não
fazer isso também?”