Chevrolet Onix, Ford Ka e HB20 seguem no topo do ranking dos mais vendidos em boa parte das revendas baianas e há a tendência de valorização dos veículos com mais tempo de estrada. Carros com até três anos de uso são considerados seminovos; de três a 10 anos são usados e acima de 10 são chamados de usados maduros. “Cerca de 80% do meu estoque é de seminovos, mas a procura maior hoje é por carros maduros, pelo menor preço. Vendem muito rápido”, comenta Ari Pinheiro, presidente da Associação de Revendedores de Veículos do Estado da Bahia (Assoveba) e proprietário da Pinheiro Veículo.
“O Nissan Versa também vende bem e os carros da Ford, inclusive o Ecosport e o Focus, não sofreram depreciação, ao contrário, foram valorizados”, afirma Pinheiro. Mas por que os seminovos da Ford seguem com boas vendas mesmo após a montadora ter encerrado a produção? “O consumidor perdeu o medo inicial de não encontrar peças. A rede concessionária segue aberta e as revisões podem ser feitas normalmente”, explica.
Chevrolet Onix segue entre os mais vendidos nas revendas locais
| Foto: Divulgação
Preços
Efeito da lei da oferta e da procura, os preços dos seminovos no ano passado tiveram aumento significativo. A média de preços dos carros até três anos de uso subiu 15,07% no acumulado de janeiro a dezembro de 2021, segundo levantamento da KBB Brasil. “Os preços agora estão estabilizados, até porque o mercado não absorve mais tanto aumento”, afirma Pinheiro. Ao que parece, a estabilidade ocorreu em patamar alto. Exemplo: Onix Joy 1.0 flex, manual – R$ 47.990; Onix LT 1.4 flex, manual – R$ 61.990.
Em 2021, de acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), o total de veículos seminovos e usados comercializados foi de 15.106.724 unidades, resultado 17,8% superior ao verificado em 2020. Devido à queda de produção da indústria, causada principalmente pela escassez de semicondutores, houve uma corrida para os seminovos e o conseqüente aumento de preço. Na Bahia, foram vendidos 284.220 veículos seminovos e usados, em 2021, um crescimento de 5,5% em relação a 2020 (269.383), segundo a Fenauto.
Ari Pinheiro afirma que nos últimos meses a alta nas taxas de juros, o alto índice de desemprego e a retração da economia têm inibido nas vendas. Mas confirma que o desempenho do ano passado foi bom. “Ainda não houve total recuperação dos prejuízos causados pela pandemia, períodos de lojas fechadas”, diz.
Proprietário da DG Seminovos, do Auto Shopping Itapoan, Diego Cova afirma que houve recuperação. “Em poucos meses, após a reabertura do comércio, conseguimos recuperar o prejuízo. O desempenho em 2021 foi excelente. Minha loja teve um crescimento perto dos 20% em relação ao ano anterior. O momento em que vivemos ainda é muito bom. Estamos aguardando o que o nosso segmento terá de novidades (pandemia, posicionamento de montadoras, economia), mas as expectativas são as melhores possíveis”, diz.
Ele confirma que as vendas continuam aquecidas. “Não tanto quanto há alguns meses, mas ainda continuam numa boa temperatura. A oferta de produtos ainda é um problema, mas a entrada dos carros novos no mercado está fluindo melhor. Acredito que neste ano isso se ajuste”, projeta.
Apesar da tendência da alta na taxa de juros, Cova afirma que o acesso ao financiamento foi bem facilitado. “Como o credito hoje em dia é avaliado de acordo com o perfil do cliente, as taxas podem variar de um para outro, mas no geral, a aprovação está acontecendo com facilidade e boas taxas”, resume.
Hyundai HB20 é um dos veículos com maior valor de revenda
| Foto: Divulgação
Dicas para fazer um bom negócio
Para quem quer comprar um seminovo ou usado, Cova dá algumas dicas: “Busque uma loja de confiança. Exija sempre a vistoria cautelar, para atestar a qualidade do veículo. Pesquise na internet para ter noção de preço, mas fuja de ‘oportunidades’ da internet, pois as fraudes e estelionatos estão acontecendo em número assustador. Agindo assim, a possibilidade de fazer um mau negócio é muito menor”, ensina.
“Para quem deseja comprar um veículo seminovo hoje é indispensável fazer uma vistoria cautelar. Uma espécie de raios-X no veículo, verificando itens estruturais (longarinas, painéis, teto e laterais), além da sua originalidade, pintura e histórico (roubo, furto, leilão e sinistros). É realizada uma pesquisa profunda, que verifica inclusive eventuais bloqueios judiciais, que possam trazer transtornos ao novo proprietário”, explica o lojista do Auto Shopping Rodrigues, Danilo de Jesus Pinto. Ele é proprietário da Super Visão Vistorias Automotivas.
Ari Pinheiro ressalta que comprar o seminovo ou usado em uma revenda, idônea, com CNPJ, torna a transação mais segura. “Quando a compra é direta de outra pessoa física, tem o risco de cair em golpes e a transação não está protegida pelo Código de Defesa do Consumidor”, explica. “E tem muito carro clonado, que já foi batido, de leilão, então quem pega o laudo cautelar e compra em loja, de preferência associada à Assoveba, já fica protegido”, diz.