E é nesse clima de recomeço que Salvador recebe a primeira edição do Festival Lusoteropolitana , encontro multiartístico com produções do Brasil e de Portugal, de amanhã (06) a 30 de janeiro, sempre no Teatro Sesi Rio Vermelho.
Dentro de uma programação híbrida (atividades presenciais e virtuais), as apresentações serão voltadas para o público adulto e infantil.
Com assinatura dos atores baianos Fábio Vidal e João Guisande, e das atrizes Maria Clara Mendes (baiana) e Daniela Chávez (peruana), o projeto traz diversas ações artísticas e educativas com o intuito de valorizar a cena local, debater temas contemporâneos e proporcionar intercâmbios com a cultura lusófona.
“O festival surge em um momento de retomada de ações presenciais depois de longo tempo de fechamento de teatros. Essa reabertura mobiliza a cena teatral e literária de Salvador em um momento onde não temos uma tradição desse circuito artístico por conta dos olhares voltados para as festas populares”, lembra Fábio Vidal, um dos responsáveis pela coordenação geral do projeto.
Para Guisande, um dos idealizadores do Lusoteropolitana, o objetivo principal do festival é celebrar a língua portuguesa e toda sua pluralidade através da arte. “Criar essa aproximação entre artistas de língua lusófona e convocar o público para estar, pensar, escutar e debater junto conosco”, enfatiza o ator.
De volta à cena
Na programação, apresentações cênicas, shows, palestra, roda de conversa, performances, leituras dramáticas, lançamento de livro e oficinas, sempre de quarta-feira a domingo, durante todo o mês de janeiro. A grade completa das atividades pode ser conhecida no endereço linktr.ee/festivalusoteropolitana.
“Reunimos artistas e grupos de diferentes linguagens, gerações e estéticas de realizadores lusófonos. Desenvolvemos a atual programação a partir das conexões com o diretor português Simão Barros e com a diretora Luana Proença (residente em Lisboa) que, independente do festival, já tinham Salvador em sua rota artística. A programação foi se desenvolvendo de um modo fluido”, informa Vidal.
A abertura presencial fica por conta da performance cênica A cappella de Waly, uma homenagem do performer baiano Alex Simões à obra do poeta tropicalista jequieense Waly Salomão, amanhã e depois, às 20h.
Para o encerramento, o festival programou o espetáculo À flor da pele, da Cia Improviso Salvador, que será exibido nos dias 29 e 30, às 20h, e que tem no elenco, dentre outros, a premiada atriz Evelin Buchegger (Simplesmente Elas).
E para arrematar esta edição do Lusoteropolitana, no domingo (30), às 21h, os artistas Guigga e Tarcísio Santos levarão ao público o show Mar sobre pedra.
João Guisande, que há oito anos vive entre Brasil e Portugal, acha importante afirmar que o projeto tem o desejo de se reerguer em rede coletivamente.
“Depois de dois anos praticamente sem teatro presencial, e com toda incerteza que nos cerca, um grupo de artistas se junta para criar um festival em pleno verão de Salvador. Sem apoio financeiro e com uma vontade coletiva de voltar à cena”, desabafa.
No encerramento, dia 30 de janeiro, tem o show Mar sobre Pedra com o artista Guigga
| Foto: Felipe Rocha | Divulgação
Fruição cultural
De acordo com o ator e diretor português Simão Barros, que apresenta o espetáculo solo (A)deus de Sofia-apologia de um novo éden (direção de Miguel Fonseca), nos dias 14, 15 e 16, às 20h, o surgimento desse festival é fundamental.
“Porque é uma ótima oportunidade de estabelecer uma ponte artística e cultural entre artistas de Salvador e portugueses. É o início de uma ligação que já tem suas raízes, mas pretendemos que possa se intensificar com esse intercâmbio. É fundamental que se volte a insistir nesta dinâmica de criação artística e fruição cultural”, comenta Barros.
O ator acredita ainda que a relação artística entre Brasil e Portugal está se aprofundando gradativamente. “Atores brasileiros estão cada vez mais a participar de produções portuguesas e esperamos que, cada vez mais, artistas portugueses possam também colaborar em produções brasileiras”, observa.
Guisande corrobora com Barros e reafirma que uma das intenções do festival é exatamente promover novas parcerias para que mais pessoas brinquem de atravessar, tanto de lá pra cá quanto de cá pra lá.
“Acho muito importante que grupos e artistas nordestinos construam parcerias com países como Angola, Cabo Verde, Portugal, Moçambique e Guiné-Bissau e que encontrem dentro dessas parcerias possibilidades de circulação”, finaliza João.
E mesmo com a viabilidade de apresentações presenciais no Lusoteropolitana, os protocolos de proteção, como uso de máscaras, carteira de vacinação, mãos higienizadas e certo distanciamento, continuam valendo para que os espetáculos possam ocorrer com mais segurança.
Com coprodução do Sesi e Sesc, a presença portuguesa no evento tem apoio do município de Guimarães, através do programa Impacta.
Outras informações podem ser obtidas no perfil do festival no Instagram ou Facebook (@lusoteropolitanas).Serviço
O quê: Festival LusoteropolitanaQuando: 06 a 30 de janeiroOnde: Teatro Sesi Rio Vermelho / linktr.ee/festivalusoteropolitana